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Qual foi o primeiro anime criado? Saiba mais sobre a história das animações japonesas

Imagem de Namakura Gatana, conhecido como o primeiro anime da história

A história do anime, ou animação japonesa, é um testemunho fascinante da criatividade e inovação cultural do Japão desde o início do século XX. Embora o anime contemporâneo seja famoso por seus robôs impressionantes, personagens de olhos grandes e narrativas complexas, suas raízes remontam muito além disso, a um período de rápidas transformações tecnológicas e culturais no Japão.

O nascimento do anime pode ser rastreado até os primeiros experimentos em animação que surgiram no Japão entre 1917 e o início dos anos 1930. Um dos primeiros exemplos conhecidos e que ainda existe é o curta-metragem Namakura Gatana (Espada Cega), datado de 1917, obra do animador Jun’ichi Kōuchi. Muitos dos primeiros trabalhos de animação japonesa se perderam devido ao terremoto de Kanto de 1923, mas os poucos sobreviventes ilustram a tentativa dos artistas de integrar temas tradicionais japoneses com a nova linguagem cinematográfica.

Animes eram focando em histórias folclóricas inicialmente

Durante esse período inicial, os animadores japoneses buscavam criar histórias usando personagens baseados no folclore tradicional, como coelhos e tanukis (guaxinins japoneses), mas inserindo-os em contextos modernos, como o esporte introduzido no país no século XIX. Um exemplo notável é o curta Oira no Yaku (Our Baseball Game), de 1931, que mostra uma partida de beisebol entre coelhos e tanukis, unindo o tradicional e o moderno de uma forma lúdica.

Essas animações iniciais, muitas vezes silenciosas, contavam com a presença do benshi, um narrador ao vivo que acompanhava as exibições, ajudando a dar vida aos personagens e guiando o público pela história. Era ele quem atraía o público para o cinema, mais do que o próprio filme.

A evolução técnica foi outro aspecto importante no desenvolvimento do anime. Além do desenho tradicional quadro a quadro, surgiram técnicas como a animação recortada para reduzir custos, utilizadas principalmente por animadores como Noburō Ōfuji e Yasuji Murata. Já animadores como Kenzō Masaoka e Mitsuyo Seo avançaram tecnicamente, recebendo patrocínio do governo para criar filmes educativos e propagandas, em uma época em que o país se direcionava para um forte nacionalismo e militarismo.

No campo das narrativas, algumas animações refletiram o contexto histórico do Japão nas décadas de 1930 e 1940. Curiosidades incluem trabalhos com caráter propagandístico, alguns até criticando ou respondendo à presença cultural americana, como um estranho filme de 1936 onde figuras históricas japonesas combatem versões monstruosas de personagens de desenhos ocidentais.

Assim, o anime nasceu como uma forma híbrida, que unia elementos culturais tradicionais (como folclore, teatro de sombras e histórias populares) à modernidade da técnica cinematográfica trazida do Ocidente. Essa mistura originou uma linguagem visual e narrativa única, que cresceu e evoluiu até se tornar o fenômeno global que conhecemos hoje, capaz de explorar desde a fantasia e o futuro até questões sociais e filosóficas profundas.

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